Eram duas vidas paralelas. Certo momento, mesmo com suas distrações, atropelaram-se em um quebra-molas qualquer da vida. Pode ser até meio por acaso, e na maioria das vezes, realmente acontece sem combinar.

Quando se deram conta, os dois já haviam iniciado uma conversa. Por conta dos elogios generosos que ele fez, a bochecha dela ficou toda rosada. Ele falava olhando direto nos olhos. Ele não conseguiu disfarçar a admiração pela exuberância ímpar da moça. Foi nesse momento que decidiram sem combinar dar um voto de confiança um ao outro. Trocaram contatos afim de que outra “coincidência” como aquela pudesse ocorre novamente.

Naquele instante, poderiam ter se beijado, mas não. Não interessa. Os dois se deram tão bem e sabiam disso. Alguma coisa indecifrável havia acontecido alí. Não foi exatamente um casamento. No entanto, algo estava prestes a ter início em seus corações.

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A saudade tornou-se a anfitriã deles. Mesmo sendo completamente distintos, a ânsia pelos momentos juntos e a vontade de se ver tornou-se primordial. Parecia estar em um estágio sem mais expansão. O limite da distância não era mais suportável. Era sua máxima dilatação.

Será que a partir do “sim”, inaugura-se o casamento? Será que os votos que ecoa por um ambiente completamente enfeitado e condicionado é o legitimador disso tudo? Ou talvez a abertura seja aquele primeiro olhar entre os candidatos ao relacionamento mais sério?

A partir daí, começava a corrida pelas formalidades exigidas pela maioria das pessoas. Organizar documentos, juntar papéis, contar o dinheiro, pedir orçamentos, contratar pessoas e serviços, recontar o dinheiro, planejar os detalhes, pesquisar outros pormenores e revisar o dinheiro. Enfim, com o dia marcado, a hora agendada, tudo aconteceu como tinha que ser. Era o casamento, o melhor, a união interminável entre duas pessoas. Festa, sorrisos, check-in, lua de mel, hotel, aeroporto, check in de novo, avião, apartamento, presentes, segunda-feira e um novo jogo começa. Tudo é novo. Tudo é diferente.

Os anos passam, pessoas mudam, e de repente você se lembra: Quantas vezes precisou mostrar algum documento comprovando a união entre você e a pessoa que ama nesta vida? Pois é, os relacionamentos não começam aí. A maioria deles, pode até seguir roteiros interessantes, mas a gênese é passível de mais investigação.

A trama é universal. Os casais se encontram, se amam, entram em desacordos, se afastam, e ás vezes, escolhem reatar. O enredo parece ensaiado. Um script clássico. Entretanto, o que torna um relacionamento único? Como pertencer a um relacionamento? Quando é que ele, afinal, estreia?

Bem, creio que a maioria deles não tem um dia exato definido. Nem mesmo o grande dia da cerimônia é este monumento inaugural. Eu sei, a discussão é longa e não temos tempo para esgotar o assunto. A verdade é que não saberemos nunca em que ponto ele se inicia, mas podemos vasculhar onde tem grandes chances de terminar e vedar todas as possibilidades que conseguirmos. Obstruir as vias que nos levam ao transtorno.

O coração é o cordão umbilical do amor, mas também pode ser seu algoz. É lá que o casamento começa, mas é lá que ele desfalece. O casamento é uma decisão que independe de contratos. E que apesar dele, escolheu acontecer.No momento em que o casamento acontece, dois corações resolvem mesmo ficar juntos o maior tempo possível das suas vidas. Não depende de estado civil, mas é vontade incessante de ser feliz com o outro, para o outro, e se entregando somente ao outro. Ele começa quando ganhamos um sentido novo para existir.

Por: O Casal do Blog