Nunca deixe o amor em uma fila de espera. Ele não sabe aguardar. É impaciente quando encontra um lugar para morar, é urgente quando se depara com um repouso, é inadiável quando descobre um canto sossegado no coração de alguém. Se você ama, não espere mais. Não aguarde ele esfriar, enriquecer, amadurecer e evoluir. Respeite sim o tempo, o momento, mas não deixe ele te confundir. Você sabe quando é chegada a hora de amar. Não tem outra alternativa para quem não consegue mais calar seu coração a não ser se render a ele.
Estamos sempre atrás de garantias tolas, preservações bobas, caprichos inúteis para investir em um amor. Temos nos acovardado diante das besteiras inventadas pela maioria sobre os relacionamentos, diante da baboseira produzida por um mundo egoísta e individualista ao extremo.
Não espere o verão chegar para contemplar as belas rosas. O inverno também sabe produzir suas belezas e encantar os olhos. Olhe para seus avós, seus pais, seus tios, e veja como eles não tinham medo de amar, mesmo quando as condições diziam que não era o momento perfeito para assumir um romance. Eles arriscavam, se aventuravam e avançavam sem medo do que iam encontrar pela frente, porque sabiam que estariam juntos em qualquer hipótese. É isso que faz toda diferença. É isso que perdemos. Precisamos resgatar essa vontade de ficar junto sem medir.
Queremos um amor inteiro, mas nos doamos pela metade. Estamos ficando covardes com esse amorzinho frouxo que insiste em fugir cada vez que as circunstâncias não favoreçam. Esquecemos do que é realmente amar e se entregar por completo. Fugimos das situações que nos pedem fidelidade, dedicação, carinho, renúncia, que tanto nos faz crescer como dois. Queremos continuar sendo crianças independentes umas das outras e que não sabem empreender no amor, mas que querem ser para sempre bancadas por outros. Evitamos os perrengues de qualquer espécie sem saber que são eles que nos unem mais.
O amor só espera quando ele não é certeza, quando ele é uma divisão e não uma multiplicação, quando ele é arrogante e pouco despretensioso, quando ele é um fim momentâneo e não um começo durável, quando ele deseja ficar no porão do anonimato e não sair livremente ao sol do dia, quando é uma razão tirânica e não um sentimento sincero e livre. Se a gente ama, não tem muito que esperar, porque também não tem muito do que se arrepender. É isso que aprendi.